Agrupamento
de Escolas de Cabeceiras de Basto
Escola
Básica de Arco de Baúlhe
Biblioteca
Quinzena de 12 de abril a 26 de abril
ELOGIO
DO DICIONÁRIO
Eu gosto de
dicionários.
Mais do que todos,
gosto do Dicionário de Língua Portuguesa. Habituei-me, desde muito novo, a
consultá-lo, a confiar no que ele me dissesse, a colher nele a sabedoria que
normalmente só encontramos em pessoas muito velhinhas e muito inteligentes.
Bem sei, hoje há - na
internet - o Google e outros motores
de busca. Mas não é a mesma coisa. O meu Dicionário-livro tem um ritmo adequado
às minhas dúvidas e à minha curiosidade. Não está dependente da eletricidade,
do alcance de rede, da meteorologia, de tarifário & saldo, da eventual
existência de pirataria informática ou erros de informação. Bato à porta da sua
sabedoria, entro nele com olhos, dedos, cérebro – e beneficio sempre da sua luz
como uma planta do sol.
Encanta-me a
possibilidade de conhecer o sentido de algumas palavras em que, leitura a
leitura, vou tropeçando no meu quotidiano leitor. E também me acontece, por
acaso, enquanto ando à procura do significado de certos vocábulos, descobrir
novos termos, que depois utilizo gulosamente, adequadamente, orgulhosamente.
Por exemplo, gostei
muito de saber que havia uma palavra para dizer alma grande (bondosa, generosa,
amável): longanimidade. Ou que obsoleto quer dizer ultrapassado, fora
de moda, inútil (e que o nome certo relacionado com esse adjectivo é obsolescência).
Comoveu-me a ideia de
que tristeza já foi (e ainda é, se
quisermos) tristura. Que beleza também se pode dizer pulcritude. E que há outros preciosos
substantivos (nomes) terminados em ude:
atitude, beatitude, similitude,
plenitude, completude.
Desconhecer palavras é
um pouco como andar perdido no universo da linguagem. O Dicionário é uma luz,
uma saída segura e certa. Também é, de certo modo, uma espécie de oxigénio da
comunicação: conhecemos mais palavras, respiramos melhor. Vamos mais longe,
mais alto, mais fundo, porque temos fôlego para tal.
É muito bela a minha,
nossa Língua Portuguesa. Digo bela,
mas poderia igualmente dizer linda,
ou formosa, ou melodiosa, ou até amada.
O Dicionário oferece-me mil adjetivos para exprimir o meu amor e a minha
admiração. (Mil adjetivos é uma hipérbole. Hipérbole
é um recurso estilístico que consiste numa forma de exagero retórico. Sei isto
porque, há muito tempo, consultei o Dicionário e aprendi.)
O Dicionário é meu
Amigo com maiúscula. Amigo ínclito. Ínclito
significa ilustre e celebrado. Se não acreditas, vai ao Dicionário.
Cabeceiras de
Basto, 12 de abril de 2013.
Joaquim Jorge
Carvalho